terça-feira, 8 de abril de 2014

A prosa regional e o contexto histórico brasileiro

No Brasil, o romance nasce em meio a uma busca pela identidade nacional, e mais do que a produção poética, busca fornecer as respostas sobre as tradições, o passado histórico e os costumes do país em uma verdadeira investigação sobre os espaços nacionais. A identificação destes espaços caracteriza a formação de quatro linhas temáticas: o espaço da selva é retratado pelos Romances Indianista e Histórico; o campo aparece no Romance Regionalista; a vida na cidade é trazida pelo Romance Urbano.
A prosa regional buscou compreender e valorizar as características étnicas, linguísticas, sociais e culturais que marcam as regiões do país.
Passado no interior do país, conta os aspectos dos ambientes rurais do interior do Brasil;
Conhecido como Sertanista, é marcado pela idealização do homem do campo. O sertanejo é mostrado, não diante dos seus verdadeiros conflitos, mas de uma maneira mitificada, como um protótipo de bravura, honra e lealdade. Trata-se aqui de um regionalismo sem tensão crítica. Destacam-se obras de José de Alencar (“O Sertanejo”, “O Tronco do Ipê”, “Til”, “O Gaúcho”), Visconde de Taunay (“Inocência”), Bernardo Guimarães (“O Garimpeiro”, “A Escrava Isaura”) e Franklin Távora, que com “O Cabeleira” diferencia-se dos demais apresentando certa tensão social que pode ser enquadrada como pré-realista.
O Romance regionalista também foi uma forma de resgatar os costumes e a identidade nacional. Nesse tipo de prosa romântica, as histórias se passavam nas diversas regiões do país, na qual, características e costumes de cada região eram mostradas. Isso inclui também a linguagem regional.
As principais histórias foram: Inocência (Visconde de Taunay), A Escrava Isaura (Bernardo Guimarães), "O Gaúcho" e "O Sertanejo" de José de Alencar.
Os autores regionalistas pretendiam “conquistar o espaço brasileiro”, mostrar histórias de personagens que enfrentam problemas em meio à seca e o latifúndio do nordeste, romances passados nos pampas gaúchos ou críticas à sociedade baiana da zona do Cacau. Isso tudo, na maioria das vezes, sem nem conhecer tais regiões.
Assim como na prosa regional onde os autores destacavam as características e costumes de cada região, na arte o objetivo dos artistas não era diferente. Eles buscavam representar as paisagens de cada região com suas belezas culturais.
Nas obras românticas pode-se observar a influência do neoclassicismo, onde eles valorizavam o academicismo e buscavam a perfeição com suas regras, simetrias e também havia liberdade de expressão e subjetivismo. Também se encontra influência do realismo, porém algumas com características visuais europeias, pois os artistas não eram brasileiros, seu objetivo era representar a realidade, do jeito que as coisas realmente eram.
Os artistas representavam bastante o Rio de Janeiro, como nessa obra em que podemos observar o aqueduto que servia para transportar água da nascente do Rio Carioca, colhido no Silvestre junto à Santa Teresa, até o chafariz do Largo da Carioca, abastecendo assim a população da cidade.
O Aqueduto tem 42 arcos, em dois níveis sobrepostos, ligando o morro de Santa Teresa ao Morro de Santo Antônio (parcialmente demolido), fazendo assim a água chegar ao chafariz da carioca.

Aqueduto de Santa Teresa, Leandro Joaquim, óleo sobre tela, 86 x 105, c. 1790, Museu Histórico Nacional.
Na pintura acima, aparece ainda em primeiro plano, na margem inferior, uma pequena faixa de praia e as espumas de pequenas ondas do mar. Dividindo a faixa de areia da lagoa, aparece uma vegetação verde que deve ser um pequeno manguezal. A lagoa parece ser ligada ao mar por um pequeno canal.
A construção que aparece em frente ao Aqueduto, com frente para a Lagoa do Boqueirão foi demolida e não aparece mais nas fotos do início do século XX. A Lagoa do Boqueirão foi aterrada em 1779, para ganhar área e também para a criação de um parque, o Parque do Passeio Público que se estendiam até a beira do mar que hoje é conhecido como Arcos da Lapa, os painéis foram encomendados para decorar um local de visitação, o primeiro parque público do Brasil. Atualmente fazem parte do acervo do Museu Histórico Nacional.

Na foto acima podemos ver uma paisagem metropolitana, onde há prédios, casas, em vez de uma paisagem um pouco mais naturalista em que vimos na pintura de Leandro Joaquim, podemos ver também que a população urbanizou próximo ao Aqueduto.
Os principais representantes da prosa regional foram Bernardo Guimarães, José de Alencar e Visconde de Taunay que escreveram obras diferentes umas das outras, com elementos próprios e técnicas distintas. Ainda assim, todos tinham o mesmo propósito: contribuir com a formação de uma linguagem e de uma cultura brasileira.
REPRESENTANTES:
Bernardo Guimarães: a escrava Isaura (sudeste)
Visconde de Taunay: Inocência (centro-oeste)
José de Alencar: o gaúcho (sul)
Franklin Távora: o cabeleira (nordeste)
ESTILO
Narrativas que se sucedem em centros afastados da capital imperial, ou seja, histórias que acontecem em lugares tipicamente brasileiros, mais pitorescos, menos influenciados pela cultura europeia. Basicamente, são romances que procuram ser mais fiéis ao projeto de brasilidade e propaganda do Brasil independente, o objetivo é fazer propaganda aos próprios brasileiros, expondo a diversidade do país.
Nessas regiões pitorescas pode-se encontrar um grande número de doenças substancialmente prejudiciais para a saúde humana, que até nos dias atuais matam um número considerável de pessoas, dentre as doenças que podemos destacar encontram-se as bacterioses, as viroses, as protozooses e as micoses.
Dessas doenças a Leishmaniose é transmitida por um protozoário flagelado de gênero Leishmania presente em insetos hematófagos (que se alimentam de sangue) conhecidos como flebótomos ou flebotomíneos. Os flebótomos medem de 2 a 3 milímetros de comprimento e devido ao seu pequeno tamanho são capazes de atravessar as malhas dos mosquiteiros e telas. Apresentam cor amarelada ou acinzentada e suas asas permanecem abertas quando estão em repouso. Seus nomes variam de acordo com a localidade; os mais comuns são: mosquito palha, tatuquira, birigüi, cangalinha, asa branca, asa dura e palhinha. O mosquito palha ou asa branca é mais encontrado em lugares úmidos, escuros, onde existem muitas plantas.
Diante seu desenvolvimento existem duas vertentes para essa doença, as quais podem ser visceral, tendo seus sintomas destacados em febre irregular, prolongada; anemia; indisposição; palidez da pele e ou das mucosas; falta de apetite; perda de peso; inchaço do abdômen devido ao aumento nu do fígado e do baço; ou cutânea onde duas a três semanas após a picada pelo flebótomo aparece uma pequena pápula (elevação da pele) avermelhada que vai aumentando de tamanho até formar uma ferida recoberta por crosta ou secreção purulenta. A doença também pode se manifestar como lesões inflamatórias nas mucosas do nariz ou da boca.
Sua prevenção se dá através de se evitar construir casas e acampamentos em áreas muito próximas à mata. Fazer dedetização, quando indicada pelas autoridades de saúde. Evitar banhos de rio ou de igarapé, localizado perto da mata. Utilizar repelentes na pele, quando estiver em matas de áreas onde há a doença. Eliminar cães com diagnóstico positivo para leishmaniose visceral, para evitar o aparecimento de casos humanos.
Outra doença que se destaca é a Dengue causada por um vírus da família Flaviridae, sendo classificado como um arbovírus, ou seja, é transmitido através da picada da fêmea de dois tipos de mosquito: do aedes aegypti e do aedes albopictus, esse último conhecido por "tigre asiático". O aedes aegypti se reproduz em locais com água parada, com lagos e poças d'água ou na água contida em garrafas, vasos, pneus etc.
Entre seus sintomas podem-se destacar: Febre súbita de 4 a 5 dias (acompanhada de fortes dores musculares e nas articulações ósseas), manchas vermelhas no corpo, dores de cabeça, cansaço, fotofobia (aversão à luz), lacrimação, inflamação na garganta e sangramento na boca e no nariz.
Para que o risco de contágio da doença diminua é necessário eliminar locais onde o aedes aegypti se reproduz, ou seja, não deixar água parada; tampar reservatórios de água dentro ou fora de casa; usar telas nas janelas para impedir a entrada do mosquito em área residencial.
Nessas áreas residenciais pode-se encontrar a Leptosprose que é uma doença infecciosa causada por uma bactéria chamada Leptospira presente na urina de ratos e outros animais, transmitida ao homem principalmente nas enchentes, pois a urina dos ratos, presente em esgotos e bueiros, mistura-se à enxurrada e à lama das enchentes. Qualquer pessoa que tiver contato com a água das chuvas ou lama contaminadas poderá se infectar. As leptospiras presentes na água penetram no corpo humano pela pele, principalmente se houver algum arranhão ou ferimento. O contato com água ou lama de esgoto, lagoas ou rios contaminados e terrenos baldios com a presença de ratos também podem facilitar a transmissão da leptospirose.
Dentre seus sintomas estão febre, dor de cabeça, dores pelo corpo, principalmente nas panturrilhas (batata-da-perna), podendo também ocorrer vômitos, diarréia e tosse. Nas formas mais graves geralmente aparece icterícia (coloração amarelada da pele e dos olhos) e há a necessidade de cuidados especiais em caráter de internação hospitalar. O doente pode apresentar também hemorragias, meningite, insuficiência renal, hepática e respiratória, que podem levar à morte.
Sua prevenção consiste em medidas ligadas ao meio ambiente, tais como obras de saneamento básico (abastecimento de água, lixo e esgoto), melhorias nas habitações humanas e o combate aos ratos. Deve-se evitar o contato com água ou lama de enchentes e impedir que crianças nadem ou brinquem nessas águas ou outros ambientes que possam estar contaminados pela urina dos ratos. Pessoas que trabalham na limpeza de lamas, entulhos e desentupimento de esgoto devem usar botas e luvas de borracha.
Destaca-se também a doença conhecida popularmente por pano branco, também chamada de micose de praia e cientificamente de Pitiríase versicolor, é uma doença de pele causada por um fungo chamado Pityrosporum Ovale ou Malassezia furfur.
Este fungo produz uma substância chamada ácido azeláico, que impede a pele de produzir melanina quando exposta ao sol. Logo, nos locais onde o fungo está a pele não fica bronzeada como o resto do corpo, ficando com um aspecto mais branco.
Seus sintomas são caracterizados por manchas amareladas ou esbranquiçadas na pele em formato cilíndrico, descamação da pele, leve coceira e progressão da área afetada. Geralmente ocorre nas áreas superiores do corpo (as mais oleosas), pois produz uma proteína que degrada a proteção lipídica do nosso corpo.
Para se evitar essa doença simples medidas podem ser tomadas, por exemplo: evitar locais com uma temperatura elevada e grande umidade, secar bem o corpo após se molhar, principalmente nas dobras, evitar o uso de óleos na pele enquanto estiver exposto ao sol e usar roupas leves.

Essas doenças podem ser encontradas em diversas regiões do nosso país, sendo as principais relacionadas ao sudeste e centro-oeste brasileiro.

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