terça-feira, 8 de abril de 2014

A prosa regional e o contexto histórico brasileiro

No Brasil, o romance nasce em meio a uma busca pela identidade nacional, e mais do que a produção poética, busca fornecer as respostas sobre as tradições, o passado histórico e os costumes do país em uma verdadeira investigação sobre os espaços nacionais. A identificação destes espaços caracteriza a formação de quatro linhas temáticas: o espaço da selva é retratado pelos Romances Indianista e Histórico; o campo aparece no Romance Regionalista; a vida na cidade é trazida pelo Romance Urbano.
A prosa regional buscou compreender e valorizar as características étnicas, linguísticas, sociais e culturais que marcam as regiões do país.
Passado no interior do país, conta os aspectos dos ambientes rurais do interior do Brasil;
Conhecido como Sertanista, é marcado pela idealização do homem do campo. O sertanejo é mostrado, não diante dos seus verdadeiros conflitos, mas de uma maneira mitificada, como um protótipo de bravura, honra e lealdade. Trata-se aqui de um regionalismo sem tensão crítica. Destacam-se obras de José de Alencar (“O Sertanejo”, “O Tronco do Ipê”, “Til”, “O Gaúcho”), Visconde de Taunay (“Inocência”), Bernardo Guimarães (“O Garimpeiro”, “A Escrava Isaura”) e Franklin Távora, que com “O Cabeleira” diferencia-se dos demais apresentando certa tensão social que pode ser enquadrada como pré-realista.
O Romance regionalista também foi uma forma de resgatar os costumes e a identidade nacional. Nesse tipo de prosa romântica, as histórias se passavam nas diversas regiões do país, na qual, características e costumes de cada região eram mostradas. Isso inclui também a linguagem regional.
As principais histórias foram: Inocência (Visconde de Taunay), A Escrava Isaura (Bernardo Guimarães), "O Gaúcho" e "O Sertanejo" de José de Alencar.
Os autores regionalistas pretendiam “conquistar o espaço brasileiro”, mostrar histórias de personagens que enfrentam problemas em meio à seca e o latifúndio do nordeste, romances passados nos pampas gaúchos ou críticas à sociedade baiana da zona do Cacau. Isso tudo, na maioria das vezes, sem nem conhecer tais regiões.
Assim como na prosa regional onde os autores destacavam as características e costumes de cada região, na arte o objetivo dos artistas não era diferente. Eles buscavam representar as paisagens de cada região com suas belezas culturais.
Nas obras românticas pode-se observar a influência do neoclassicismo, onde eles valorizavam o academicismo e buscavam a perfeição com suas regras, simetrias e também havia liberdade de expressão e subjetivismo. Também se encontra influência do realismo, porém algumas com características visuais europeias, pois os artistas não eram brasileiros, seu objetivo era representar a realidade, do jeito que as coisas realmente eram.
Os artistas representavam bastante o Rio de Janeiro, como nessa obra em que podemos observar o aqueduto que servia para transportar água da nascente do Rio Carioca, colhido no Silvestre junto à Santa Teresa, até o chafariz do Largo da Carioca, abastecendo assim a população da cidade.
O Aqueduto tem 42 arcos, em dois níveis sobrepostos, ligando o morro de Santa Teresa ao Morro de Santo Antônio (parcialmente demolido), fazendo assim a água chegar ao chafariz da carioca.

Aqueduto de Santa Teresa, Leandro Joaquim, óleo sobre tela, 86 x 105, c. 1790, Museu Histórico Nacional.
Na pintura acima, aparece ainda em primeiro plano, na margem inferior, uma pequena faixa de praia e as espumas de pequenas ondas do mar. Dividindo a faixa de areia da lagoa, aparece uma vegetação verde que deve ser um pequeno manguezal. A lagoa parece ser ligada ao mar por um pequeno canal.
A construção que aparece em frente ao Aqueduto, com frente para a Lagoa do Boqueirão foi demolida e não aparece mais nas fotos do início do século XX. A Lagoa do Boqueirão foi aterrada em 1779, para ganhar área e também para a criação de um parque, o Parque do Passeio Público que se estendiam até a beira do mar que hoje é conhecido como Arcos da Lapa, os painéis foram encomendados para decorar um local de visitação, o primeiro parque público do Brasil. Atualmente fazem parte do acervo do Museu Histórico Nacional.

Na foto acima podemos ver uma paisagem metropolitana, onde há prédios, casas, em vez de uma paisagem um pouco mais naturalista em que vimos na pintura de Leandro Joaquim, podemos ver também que a população urbanizou próximo ao Aqueduto.
Os principais representantes da prosa regional foram Bernardo Guimarães, José de Alencar e Visconde de Taunay que escreveram obras diferentes umas das outras, com elementos próprios e técnicas distintas. Ainda assim, todos tinham o mesmo propósito: contribuir com a formação de uma linguagem e de uma cultura brasileira.
REPRESENTANTES:
Bernardo Guimarães: a escrava Isaura (sudeste)
Visconde de Taunay: Inocência (centro-oeste)
José de Alencar: o gaúcho (sul)
Franklin Távora: o cabeleira (nordeste)
ESTILO
Narrativas que se sucedem em centros afastados da capital imperial, ou seja, histórias que acontecem em lugares tipicamente brasileiros, mais pitorescos, menos influenciados pela cultura europeia. Basicamente, são romances que procuram ser mais fiéis ao projeto de brasilidade e propaganda do Brasil independente, o objetivo é fazer propaganda aos próprios brasileiros, expondo a diversidade do país.
Nessas regiões pitorescas pode-se encontrar um grande número de doenças substancialmente prejudiciais para a saúde humana, que até nos dias atuais matam um número considerável de pessoas, dentre as doenças que podemos destacar encontram-se as bacterioses, as viroses, as protozooses e as micoses.
Dessas doenças a Leishmaniose é transmitida por um protozoário flagelado de gênero Leishmania presente em insetos hematófagos (que se alimentam de sangue) conhecidos como flebótomos ou flebotomíneos. Os flebótomos medem de 2 a 3 milímetros de comprimento e devido ao seu pequeno tamanho são capazes de atravessar as malhas dos mosquiteiros e telas. Apresentam cor amarelada ou acinzentada e suas asas permanecem abertas quando estão em repouso. Seus nomes variam de acordo com a localidade; os mais comuns são: mosquito palha, tatuquira, birigüi, cangalinha, asa branca, asa dura e palhinha. O mosquito palha ou asa branca é mais encontrado em lugares úmidos, escuros, onde existem muitas plantas.
Diante seu desenvolvimento existem duas vertentes para essa doença, as quais podem ser visceral, tendo seus sintomas destacados em febre irregular, prolongada; anemia; indisposição; palidez da pele e ou das mucosas; falta de apetite; perda de peso; inchaço do abdômen devido ao aumento nu do fígado e do baço; ou cutânea onde duas a três semanas após a picada pelo flebótomo aparece uma pequena pápula (elevação da pele) avermelhada que vai aumentando de tamanho até formar uma ferida recoberta por crosta ou secreção purulenta. A doença também pode se manifestar como lesões inflamatórias nas mucosas do nariz ou da boca.
Sua prevenção se dá através de se evitar construir casas e acampamentos em áreas muito próximas à mata. Fazer dedetização, quando indicada pelas autoridades de saúde. Evitar banhos de rio ou de igarapé, localizado perto da mata. Utilizar repelentes na pele, quando estiver em matas de áreas onde há a doença. Eliminar cães com diagnóstico positivo para leishmaniose visceral, para evitar o aparecimento de casos humanos.
Outra doença que se destaca é a Dengue causada por um vírus da família Flaviridae, sendo classificado como um arbovírus, ou seja, é transmitido através da picada da fêmea de dois tipos de mosquito: do aedes aegypti e do aedes albopictus, esse último conhecido por "tigre asiático". O aedes aegypti se reproduz em locais com água parada, com lagos e poças d'água ou na água contida em garrafas, vasos, pneus etc.
Entre seus sintomas podem-se destacar: Febre súbita de 4 a 5 dias (acompanhada de fortes dores musculares e nas articulações ósseas), manchas vermelhas no corpo, dores de cabeça, cansaço, fotofobia (aversão à luz), lacrimação, inflamação na garganta e sangramento na boca e no nariz.
Para que o risco de contágio da doença diminua é necessário eliminar locais onde o aedes aegypti se reproduz, ou seja, não deixar água parada; tampar reservatórios de água dentro ou fora de casa; usar telas nas janelas para impedir a entrada do mosquito em área residencial.
Nessas áreas residenciais pode-se encontrar a Leptosprose que é uma doença infecciosa causada por uma bactéria chamada Leptospira presente na urina de ratos e outros animais, transmitida ao homem principalmente nas enchentes, pois a urina dos ratos, presente em esgotos e bueiros, mistura-se à enxurrada e à lama das enchentes. Qualquer pessoa que tiver contato com a água das chuvas ou lama contaminadas poderá se infectar. As leptospiras presentes na água penetram no corpo humano pela pele, principalmente se houver algum arranhão ou ferimento. O contato com água ou lama de esgoto, lagoas ou rios contaminados e terrenos baldios com a presença de ratos também podem facilitar a transmissão da leptospirose.
Dentre seus sintomas estão febre, dor de cabeça, dores pelo corpo, principalmente nas panturrilhas (batata-da-perna), podendo também ocorrer vômitos, diarréia e tosse. Nas formas mais graves geralmente aparece icterícia (coloração amarelada da pele e dos olhos) e há a necessidade de cuidados especiais em caráter de internação hospitalar. O doente pode apresentar também hemorragias, meningite, insuficiência renal, hepática e respiratória, que podem levar à morte.
Sua prevenção consiste em medidas ligadas ao meio ambiente, tais como obras de saneamento básico (abastecimento de água, lixo e esgoto), melhorias nas habitações humanas e o combate aos ratos. Deve-se evitar o contato com água ou lama de enchentes e impedir que crianças nadem ou brinquem nessas águas ou outros ambientes que possam estar contaminados pela urina dos ratos. Pessoas que trabalham na limpeza de lamas, entulhos e desentupimento de esgoto devem usar botas e luvas de borracha.
Destaca-se também a doença conhecida popularmente por pano branco, também chamada de micose de praia e cientificamente de Pitiríase versicolor, é uma doença de pele causada por um fungo chamado Pityrosporum Ovale ou Malassezia furfur.
Este fungo produz uma substância chamada ácido azeláico, que impede a pele de produzir melanina quando exposta ao sol. Logo, nos locais onde o fungo está a pele não fica bronzeada como o resto do corpo, ficando com um aspecto mais branco.
Seus sintomas são caracterizados por manchas amareladas ou esbranquiçadas na pele em formato cilíndrico, descamação da pele, leve coceira e progressão da área afetada. Geralmente ocorre nas áreas superiores do corpo (as mais oleosas), pois produz uma proteína que degrada a proteção lipídica do nosso corpo.
Para se evitar essa doença simples medidas podem ser tomadas, por exemplo: evitar locais com uma temperatura elevada e grande umidade, secar bem o corpo após se molhar, principalmente nas dobras, evitar o uso de óleos na pele enquanto estiver exposto ao sol e usar roupas leves.

Essas doenças podem ser encontradas em diversas regiões do nosso país, sendo as principais relacionadas ao sudeste e centro-oeste brasileiro.
Foi na região Centro-Oeste onde se desenvolveu um grande romance romântico escrito por Visconde de Taunay com características regionais.
Nessa época a região havia passado e estava passando por diversas dificuldades.
As bandeiras portuguesas alcançaram o atual estado do Mato Grosso a partir da 2ª metade do século XVI, e no início do século XVII descobriram jazidas de ouro na região de Cuiabá, no Mato Grosso, e no sul de Goiás. A busca incessante pelas riquezas minerais comprometia até mesmo o desenvolvimento da lavoura de subsistência, inclusive pela proibição da coroa em realizar a atividade mineradora, no ano de 1732. A mineração só poderia ocorrer sob a supervisão da coroa portuguesa.
Assim em 1747, Portugal resolveu dividir a região nas capitanias do Mato Grosso e do Goiás para ter uma melhor forma de exploração dos recursos minerais oferecidos por ambos.
Na região da Chapada dos Guimarães ocorreu a centralização das principais atividades agrícolas que alimentavam a mineração, complementadas pelo desenvolvimento da criação de gado. Os problemas da mineração, criados com o desvio da mão de obra para atender o desenvolvimento social desses núcleos e a insuficiência técnica na organização e execução dos trabalhos de garimpagem, reduziram a eficiência do esforço. Mas no início do século XIX, a mudança de atitude da administração colonial, permitindo a lavra de diamantes, deu novos rumos ao povoamento.
Após os conflitos com o Paraguai, ocorreram outros interesses na região. A preocupação com o povoamento na região do Pantanal proporcionou a expansão da pecuária, incrementando as relações comerciais com o Triângulo Mineiro.
Uma das principais especiarias dessa região é seu famoso arroz com pequi, que é rico em vitaminas e sais minerais como a vitamina C, cuja função é ajudar a combater os radicais livres atuando em processos inflamatórios, auxilia no crescimento saudável dos dentes e dos ossos, ajuda na ingestão eficiente do ferro, combate doenças cardiovasculares, pressão arterial elevada, dentre outros.
Na falta da Vitamina C, o organismo adquire a doença escorbuto. O mesmo pode causar hemorragias, dores nas articulações, gengivite e feridas que não cicatrizam. Já no excesso dessa vitamina que possui pouca toxidade pode causar indigestão, particularmente quando ingerida de estômago vazio. Quando tomada em altas doses, a vitamina C pode causar diarreia. Sinais de intoxicação por excesso dessa vitamina podem incluir náusea, vômito, diarreia, dor de cabeça, rubor na face, fadiga e perturbação no sono. Como essa vitamina melhora a absorção de ferro, o envenenamento por esse mineral é possível em pessoas com desordens raras de acúmulo de ferro, como hemocromatose.
Um desses sais minerais é o selênio, que pode ser encontrado no arroz e na galinhada. Similar à vitamina E que tem a função de antioxidante, na formação do hormônio tireoidianio e promove o crescimento corpóreo. Sua dose diária depende de cada sexo.
O selênio pode ser encontrado no animal e na proteína vegetal (carnes e peixes, grãos, frutas, legumes e cogumelos).
O selênio é um componente de importante enzimas (na forma de enzima glutationa peroxidase) e ajuda as células do organismo de defesa.
Em pouca quantidade no organismo humano pode causar degeneração pancreática, sensibilidade muscular, mais propenso à causa de um câncer. Em excesso pode causar fadiga muscular, colapso vascular periférico, congestão vascular, queda de cabelo, dermatite, alteração dos esmaltes dos dentes e vomito.
Outro sal mineral que podemos destacar é o alumínio, que pode ser encontrado na mandioca, sendo um sal mineral que é utilizado na vedação de alimentos evitando o contato com bactérias, assim não causando doenças. E na purificação da água retirando as impurezas.
O alumínio que se encontra nas frutas, verduras e grãos, é o alumínio que se encontra no solo. A quantidade de alumínio que ingerimos pelo uso da frigideira, latas e panelas é muito pequena (cerca de 0,1 mg/dia) .
O alumínio pode ser encontrado também nas águas superficiais e subterrâneas. A utilização do alumínio na água é para a sua purificação, mas se utiliza o sulfato de alumínio, ou “alume”. O alumínio presente na água representa menos de 1 % de nossa ingestão diária de alumínio.
Utilizado em grandes quantidades causam efeitos neurotóxicos, alterando a atividade do sistema nervoso e causando danos ao tecido nervoso, afeta os ossos e desregula o sistema reprodutor.
Em meio a essa rica cultura e esse contexto histórico conturbado surge a obra literária Inocência.
Alfredo d’Escragnolle Taunay (1843-1899) nasceu no Rio de Janeiro. Bacharel em Ciências e Letras pelo Colégio Pedro II, cursou Ciências Físicas e Matemáticas na Escola Militar. Recebeu uma educação familiar de espírito e gosto, típica dos naturalistas e pintores do “pitoresco”, especialmente franceses e alemães. Essa educação lhe daria certo destaque em nosso meio literário, artístico e social.
Taunay foi um dos principais escritores do regionalismo romântico. Do romantismo, assimilou a atmosfera lírica, presente em Inocência. Do regionalismo, a tendência a registrar os costumes locais. Deu vida a esse projeto com um estilo fluente e sedutor, marcas do grande escritor que ele foi.
O autor da obra considerada como o melhor romance regionalista do Brasil, “Inocência”, utilizou em sua história todos os elementos que representam o regionalismo. A descrição fiel e objetiva de uma região, os confrontos entre o homem do campo ou do sertão (que possui preconceitos contra os costumes da cidade) e o homem urbano (que é liberal em relação aos costumes e subestima o homem rural) são características presentes em “Inocência”, como melhor representante do gênero regionalista.
Inocência pode ser considerada a obra-prima do romance regionalista do nosso Romantismo. O autor soube unir ao seu conhecimento prático do país, adquirindo em inúmeras viagens na condição de militar, o seu agudo senso de observação da natureza e da vida social do Sertão brasileiro.
Resumo do enredo
Cirino, um rapaz muito curioso e de boa índole, viajava pelo sertão se apresentando como um médico dando consultas, quase sempre bem sucedidas, embora ele fosse apenas um farmacêutico.  Com o tempo ele conhece Pereira, um pequeno proprietário rural, que tinha uma filha que estava doente.
Ele aceita a hospitalidade de Pereira e cura a febre da filha do proprietário, chamada Inocência. Mas ao vê-la ele se encanta com sua beleza e se apaixona por ela. No entanto Inocência já estava prometida a um vaqueano, Manecão, e assim caracteriza-se a temática do romance: um amor impossível.
Quase que simultaneamente, um naturalista alemão chamado Meyer, que vagava pelos sertões caçando borboletas, apresenta-se na fazenda de Pereira, acompanhado de um cômico, e traz uma carta do irmão de Pereira, com algumas recomendações. Pereira recebe o naturalista de braços abertos, mas não entende que as galanterias que o alemão destina a sua filha, são apenas por educação, e assim passa a vigiá-lo. Conta isso para seu serviçal, um anão surdo e mudo, que se chama Tico. E sem entender nada do que está acontecendo, Pereira pede para Cirino ficar em sua casa até a partida do alemão, assim ele ajudaria a guardar sua filha.
Inocência e Cirino mal se falam, até que ele resolve lhe confessar sua paixão. Ele responde da maneira mais simples que alguém pode imaginar.
Em seguida ela acusa o falso médico de lhe virar o juízo por meio de algum feitiço, mas ele a convence que seu amor é sincero e Inocência também se descobre apaixonada por ele. Depois de se encontrarem algumas vezes as escondidas Cirino propõe a fuga como uma alternativa para a realização do amor dos dois. Inocência recusa-se a fugir com medo que seu pai a amaldiçoasse e sugere que o amado vá pedir ajuda de um padrinho dela, Antônio Cesário, por quem seu pai tinha grande admiração e respeito.
Enquanto isso, o naturalista alemão descobre uma nova espécie de borboleta e lhe da o nome de Inocência. Deixando assim o pai da menina indignado e cada vez mais vigilante. Logo o alemão vai embora, acabando assim com as suspeitas de Pereira. Cirino também viaja em busca do padrinho de Inocência. Ao mesmo tempo em que Manecão, o noivo prometido de Inocência, chega à casa de Pereira, porém Inocência se recusa a validar o compromisso e é espancada pelo pai. Através de mimica o servo anão, indica que o médico é o responsável pela recusa da garota. Indignado Manecão vai atrás de Cirino e o assassina.
O romance se passa nos Estados de Mato Grosso, Minas Gerais, Goiás e São Paulo.
Principais Personagens
- Inocência: moça simples, moradora de zona sertaneja. É disputada por Cirino e Manecão, além de despertar o interesse do cientista Meyer.
- Cirino: jovem farmacêutico que, em viagem pelo sertão, conhece Inocência e se apaixona por ela. É assassinado por Manecão, a quem a moça foi prometida.
- Pereira: pai de Inocência, zeloso do compromisso de honra assumido com Manecão, a quem prometera entregar a filha em casamento.
- Meyer: cientista alemão, pesquisador de borboletas. Também se interessa por Inocência.
- Manecão: noivo de Inocência. Na disputa pelo amor da moça, assassina Cirino.
Os personagens são aqueles clássicos do romantismo, com as mesmas emoções e o mesmo sentimentalismo só que, adaptados ao quadro regional, deslocados para um cenário diferente, que acaba interferindo em seus destinos. As falas dos personagens trazem expressões locais demonstrando o uso da linguagem regional
O romance traz características comuns que existe entre as outras obras do regionalismo, mas a obra Inocência apresenta uma visão mais realista do que a média das obras. O tipo do sertanejo, por exemplo, é construído de forma menos idealizadora, sendo mostrado como briguento e dado a vícios, como o do jogo. Além disso, o narrador assume uma postura francamente crítica diante de certos hábitos sertanejos que são incorretos aos pensamentos do filosofo Francis Bacon, como o casamento por juramento, o paternalismo excessivo, o descaso para com as ciências e a condição feminina inferiorizada. Pode-se dizer que Inocência foi vítima da ignorância de Pereira e escrava de um pacto de honra em que ela entrou como moeda de troca.
O valor da Inocência não é reconhecido. Para o filósofo o livro deveria valorizar, e proporcionar resultados para seus objetivos. Para isso, ele tinha que se libertar dos ídolos que são as falsas noções, preconceitos e maus hábitos mentais.
Ídolos da tribo: falsas noções provenientes das próprias limitações da natureza da espécie humana. Na obra é verificado que os personagens tem uma dificuldade de se locomover, pois as cidades se encontravam à quilômetros de distancia uma das outras, além de o meio de transporte não acelerar a viagem, criando uma barreira natural que impedia a rápida comunicação e consequentemente a troca de informações. Podemos notar essa característica no início da obra, quando o personagem Cirino se encontra com Pereira após uma longa viagem e com um grande caminho pela frente, até chegar a uma cidade para hospedagem.
Ídolos do mercado ou do foro: falsas noções provenientes da linguagem e da comunicação. Naquela época os personagens acreditavam que adquiriam o conhecimento verdadeiro através da comunicação, pois nessa época existiam uma quantidade razoável de livros literários, porém a maior parte da sociedade sertaneja era analfabeta o que dificultava e impedia a busca por tal conhecimento, sendo o modo mais acessível de aquisição através da comunicação passada entre a família. Isso é perceptível quando o personagem Pereira pede ao estrangeiro alemão recém-chegado a sua casa, o senhor Meyer, para que leia para ele uma carta escrita por seu irmão.
Ídolos do teatro - as falsas noções provenientes das concepções culturais vigentes, como da cultura sertaneja que apesar de ser uma cultura muito rica não deixa uma abertura para a entrada de novas concepções. Podemos notar essa teoria no personagem de Pereira, que não aceita argumentos provenientes de diferentes culturas e que fica estagnado somente na concepção sertaneja e no conhecimento básico passado pela mesma.
Outro filósofo a quem podemos destacar na obra foi René Descartes que em sua teoria dizia: ‘’A importância da dúvida metódica’’ ele afirmava que, para conhecer a verdade, é preciso, de início, colocar todos os nossos conhecimentos em dúvida. É questionar tudo e analisar, criteriosamente, se existe algo na realidade de que possamos ter plena certeza. O cientista alemão Meyer, estudioso de borboletas, procurou novos conhecimentos a lugares diferentes, quer dizer, que através de sua dúvida procurou saber mais, para ter a certeza.
Nesse romance, o rigor do observador militar que percorreu os sertões mistura-se à capacidade imaginativa do ficcionista. O resultado é um belo equilíbrio entre a ficção e a realidade, raramente alcançado na literatura brasileira até então.
Essa obra deixa muito evidente a idealização da mulher e o machismo sertanejo.
Trechos de Inocência:
Idealização da Mulher
“Apesar de bastante descorada e um tanto magra, era Inocência de beleza deslumbrante.
Do seu rosto irradiava singela expressão de encantadora ingenuidade, realçada pela meiguice do olhar sereno que, a custo, parecia coar por entre os cílios sedosos a franjar-lhe as pálpebras, e compridos a ponto de projetarem sombras nas mimosas faces.
Era o nariz fino, um bocadinho arqueado; a boca pequena, e o queixo admiravelmente torneado. Ao erguer a cabeça para tirar o braço de sob o lençol, descera um nada a camisinha de crivo que vestia, deixando nu um colo de fascinadora alvura, em que ressaltava um ou outro sinal de nascença.”
As mulheres do período da obra eram recatadas no modo de vestir, de falar, de se comportar a mesa, tinham problemas como todo e qualquer ser humano, mas a sua essência de idealização se mantinha acima de todo e qualquer defeito, ela era pura e virgem, sinônimo de pureza e beleza.
A obra idealiza a mulher por meio da personagem Inocência descrevendo seus traços simples e delicados, seu corpo franzino, mas de uma sensualidade particular e sua personalidade de mulher do interior até por vezes retratando uma certa ingenuidade
O objetivo das obras do período era retratar a mulher exageradamente recatada, pura, com traços delicados e com uma ideia de privações voltada para a família e o casamento.
Nos tempos atuais essa idealização de mulher perfeita existe, mas não esta relacionada a obras que são publicadas atualmente, esta ligada a imposição da mídia. A mulher deve ser bela, ter traços faciais delicados como os de modelo, deve ter cabelo liso, ser obcecada por cremes ante celulite e antiestrias, dietas mágicas, ter um corpo com silhueta bem marcada, deve ter silicone e, principalmente, para ficar bonita precisa ir ao cabeleireiro pelo menos três vezes por semana.
Portanto, se levarmos em consideração a comparação das mulheres dos dias atuais com as mulheres do período da obra, veremos que na verdade o que a maioria delas quer é aparecer na mídia e sobressair-se em relação aos homens, e nessa eterna competição o que mais interessa é curtir a vida.
Machismo
“- Eu repito, disse ele com calor, isto de mulher, não há que fia. Bem faziam os nossos do tempo antigo. As raparigas andavam direitinhas que nem um fuso...Uma piscadela de olho mais duvidosa, era logo pau...Contaram-me que hoje lá nas cidades... arrenego!... não há menina, por pobrezinha que seja, que não saiba ler livros de letra de fôrma e garatujar no papel... que deixe de ir a fonçonatas com vestidos abertos na frente como raparigas fadistas e que saracoteiam em danças e falam alto e mostram os dentes por dá cá aquela palha com qualquer tafulão malcriado... pois pelintras e beldroegas não faltam... Cruz!... Assim, também é demais; não acha? Cá no meu modo de pensar, entendo que se não se maltratem as coitadinhas, mas também é preciso não dar asas ás formigas... Quando elas ficam taludas, atamanca-se uma festança para casá-las com um rapaz descente ou algum primo, e acabou-se a história...”
Na obra a mulher é descrita como submissa ao homem. Isso é expresso por meio de Pereira, um sertanejo criado no Mato Grosso em um meio cultural que a mulher não tem opinião sobre a própria vida.
O autor critica a repressão de Pereira em cima de Inocência. A mulher descrita na obra é quase que como uma “escrava” de seu próprio pai assim como quase todas as mulheres do período da obra, ela não tem uma liberdade para viver a sua vida sendo comandada em todos os aspectos pela sociedade machista da época.
Nos dias atuais isso é completamente modificado, a mulher é independente e não vive com a opressão dos pais ou de qualquer homem que tente oprimi-la a sociedade dos dias de hoje e bem mais avançada que do período da obra, não há mais um machismo exagerado, as mulheres passam a ter uma posição de destaque na sociedade chegando ao ponto de no Brasil uma se tornar presidente, que até então nunca na história desse país uma mulher conseguira alcançar.

segunda-feira, 7 de abril de 2014

       Os historiadores afirmam que antes da chegada dos europeus na América, só em território brasileiro, o número de índios chegava a aproximadamente 5 milhões de nativos. Eles eram divididos em tribos e o primeiro contato entre esses índios e portugueses foi de muita estranheza para ambas as partes pois suas culturas eram muito diferentes e eles pertenciam a mundos completamente distintos. Os índios sofreram muitas violências com a chegada dos portugueses que só tinham interesses sobre as terras e as riquezas da região e muitos foram dizimados, a violência das armas, da cultura, das doenças e também a escravidão onde os índios sofreram muito e também resistiram bastante, principalmente com fugas. Os indígenas do Brasil viviam da caça, da pesca e de uma agricultura bastante rudimentar. Cada nação indígena possuía crenças e rituais religiosos diferenciados. Porém, todas as tribos acreditavam nas forças da natureza e nos espíritos dos antepassados. Para estes deuses e espíritos, faziam rituais, cerimônias e festas. Muitos índios foram escravizados, porém alguns resistiram aos portugueses pois conheciam melhor o terreno brasileiro. Com isso, os portugueses pensavam que os índios eram inteligentes e procuraram uma nova forma para que ocorresse escravização. Nessa época Portugal já tinha certa dominação dos mares, tendo colônias em todo o planeta. Então eles buscavam os escravos dessas colônias e os vendiam para os senhores de engenho do Brasil. Essas colônias eram: Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, São Tomé e Príncipe, Timor Leste e Macau. Eles pensavam que os negros eram mais “estúpidos” que os índios, pois eles não tinham conhecimento da área e não tinham uma forma de fuga. Para levar os escravos negros ao Brasil, eles faziam 3 rotas. 




          
           A primeira rota, era entre Portugal e África (entre os pontos A e C). Nesse percurso, eles dominavam os negros, botavam em suas embarcações e levavam para o Brasil, criando a segunda rota (entre C e B). A terceira, era a rota entre Brasil e Portugal (entre B e A). Eles desembarcavam os negros, vendia-os e depois abasteciam suas embarcações de especiarias coletadas no território brasileiro para levar a metrópole portuguesa. Com essas três rotas, acabou criando o Comercio Triangular. O Comércio Triangular foi o principal instrumento do trafico negreiro, que envolvia comércios entre Europa, África e América. Portugal não foi a única metrópole que fazia o Comércio Triangular. Outras como Holanda, Espanha, Inglaterra e França também faziam. Ao observarmos esse comércio, percebemos que a união das três rotas acabava criando um triângulo. 
          O triângulo pode ser classificado  tanto pelas medidas de seus lados quanto a medida de seus ângulos internos. Quanto a classificação de seus lados, ele pode ser colocado como: equiláteroisósceles e escaleno. O triangulo equilátero possui todos os lados iguais. Já o isósceles possui dois lados iguais e outro diferente e o triângulo escaleno possui todos os lados diferentes. Na classificação quanto aos ângulos, os triângulos podem ser colocados como: acutânguloretângulo ou obtusângulo. No acutângulo, todos os seus ângulos são agudos, isto é, possuem menos que 90°. O triangulo retângulo possui dois ângulos agudos e um reto ( ângulo de 90°). Já o obtusângulo possui um angulo obtuso ( angulo maior que 90° ). Com isso, podemos classificar o triângulo do comércio triangular pela medida de seus lados e percebemos que é um triangulo escaleno pois possui todos os lados diferentes. Podemos  associar então, aos eixos seno e cosseno. Ao aplicarmos os eixos, podemos também anexar o Ciclo Trigonométrico. No caso, Portugal seria o PONTO A, localizado a 3487,75 km do ponto origem. O PONTO B seria o Brasil, mais especificamente a Bahia e o PONTO C seria a região sul do Congo. O Congo não era colônia portuguesa, porém fazia parte da zona de influencia comercial criada por Portugal, com isso acabavam buscando escravos nessa região. Outro lugar onde Portugal buscava seus escravos foi em sua colônia Angola e Moçambique.
          Sabemos que a linha na vertical é o seno e na horizontal o cosseno porque foi estipulada a seguinte informação: "No ciclo trigonométrico, o valor do raio equivale a 1 unidade." 
          

         Logo então percebemos que, com as ordenadas (coordenada vertical de um referencial) e as abscissas (coordenada horizontal de um referencial) de um angulo qualquer formam um triângulo retângulo. Com isso, ao utilizarmos a fórmula sen=cateto oposto/hipotenusa observamos que o cateto oposto equivale ao seguimento P_P' e que a hipotenusa equivale a 1 unidade. Ficaria então da seguinte maneira: sen=p_p'/1>>sen=p_p'. Logo, o seno seria o eixo vertical. A mesma coisa com o cosseno: cos=cateto adjacente/hipotenusa >> cos= P_P"/1>> cos=P_P''. Observamos então que o cosseno é o eixo horizontal. 
            Esses eixos cortam o ciclo trigonométrico em quatro, formando, então, os quadrantes. Dentro desses quadrantes encontramos os ângulos notáveis e seus semelhantes. Ângulos notáveis são os ângulos que são usados frequentemente em cálculos, sendo eles 30°, 45° e 60°. 
            Para encontrarmos qual é o ângulo notável semelhante de um angulo qualquer, primeiro analisamos em qual quadrante ele se encontra. Se localizado no segundo quadrante, pegamos 180 e subtraímos por esse ângulo encontrando seu semelhante(Y=180-x). No terceiro seria  270 menos o ângulo (Y=270-x) e no quarto seria 360 menos o ângulo (Y=360-x).
              Os Ângulos Notáveis estão localizados no primeiro quadrante, tento como seno e cosseno positivos, porém o sinal de seus semelhantes podem variar de acordo com o quadrante em que eles se encontram. Os ângulos presentes no segundo quadrante apresentam seno positivo e cosseno negativo. No terceiro, seno negativo e cosseno negativo. Já no quarto, apresenta seno negativo e cosseno positivo
             Existem também, as secantes, cossecantes e cotangentes. Para encontrarmos os valores das secantes, utilizamos o seguinte dado : cos ^ -1 (cosseno elevado a menos 1). Para encontrarmos o valos da cossecante, utilizamos sen ^ -1 (seno elevado a menos 1) e para encontrar a cotangente tg ^ -1 ( tangente elevado a menos 1) ou cos/sen (cosseno sobre seno).
             Analisando o mapa, percebemos então que o Ponto A está localizado no primeiro quadrante a 75.7°, o Ponto B no terceiro a 229.5° e o Ponto C, no quarto quadrante a 325.7°. O ponto de origem do ciclo trigonométrico seria coincidentemente Guiné Bissau, uma colonia portuguesa.
              (Observe a tabela abaixo) 



Após o comércio triangular houve a entrada dos portugueses para a região central do Brasil, modificando assim o foco da economia europeia, pois diminuiu-se a procura por especiarias (como o Pau-Brasil) visando a procura por metais preciosos.
A descoberta do ouro no Brasil aconteceu no século XVII, na região de Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso, o que provocou uma verdadeira ‘corrida do ouro’ para essas regiões. A descoberta do precioso metal foi feita em 1698 por Antônio Dias de Oliveira.
A partir daí, a notícia se disseminou pelo país e chegou à Portugal por correspondência enviada pelos governadores portugueses instalados no Brasil.
Com a mesma rapidez com que a notícia da descoberta das minas se espalhou, milhares de pessoas chegavam á região de diversos pontos.
            A grande onda de pessoas que chegavam a essas regiões era bastante heterogênea, vindas de todas as partes do Brasil e de Portugal, gerando um grande e rápido aumento da população nessas regiões, principalmente na região de Minas Gerais.
            O ouro brasileiro era encontrado em três formas: no leito dos rios, que era mais superficial; nas margens, que era mais profundo, e nas encostas dos rios, a maneira mais profunda de se chegar ao ouro. Por ter uma quantidade muito grande de mineradores esse ouro encontrado acabava muito rápido, se tornando escasso nessas regiões. Com isso os mineradores eram conhecidos como nômades, por ter que sair em busca de novas fontes auríferas.
            Com a ideia de enriquecimento rápido milhares de pessoas saíam de seu local de origem em busca do ouro, com isso vários caminhos foram descobertos, possibilitando o conhecimento de uma grande parte do território brasileiro.
Muitos desses caminhos serviram como rotas de escoamento do ouro, possibilitando a visibilidade do Brasil em relação as outras nações. Assim o Brasil se tornou a colônia mais importante do Império português e o principal fornecedor de riquezas para a metrópole.
A corrida do ouro durou cerca de oitenta anos, e após esse grande marco na história brasileira as industriais estrangeiras voltaram seus olhares para o continente americano, visando a instalação dessas grandes empresas no solo brasileiro.
De olho nesse mercado, a empresa Ford decide em 1919 trazer a empresa ao Brasil montada na rua Florêncio de Abreu, centro da cidade de São Paulo. Em 1925, foi a vez da General Motors do Brasil abrir sua fábrica no bairro paulistano do Ipiranga, porém foi em novembro de 1891 que o primeiro carro motorizado chegou em solo brasileiro. Tudo indica que um automóvel Peugeot modelo Tipo 3 foi o primeiro carro a rodar em nosso país. Ele teria sido importado da França pela família Dumont.
Porém, foi somente em 1956, durante o governo de Juscelino Kubitschek que as multinacionais automotivas começaram a montar os automóveis. Inicialmente produziam-se caminhões, camionetas, jipes, furgões e carros de passeio. Logo depois teve início a produção dos Volkswagem, DKW-Vemag, Willys-Overland, Simca, Galaxie, Corcel (então pertencente a Ford), Opala (da frota da Chevrolet), Esplanada, Regente e Dart (marca da Chrysler), porém apesar de serem montados no Brasil eram projetados nas matrizes europeias e norte-americanas com a maior parte de suas peças e equipamentos importados.
No dia 15 de novembro de 1957, saía às ruas o primeiro automóvel fabricado no Brasil, com um índice de nacionalização relativamente elevado: tratava-se da perua DKW. As linhas traseiras quadradas nada tinham a ver com a frente arredondada, herdada dos DKW fabricados na Alemanha, parecia mais um carro de padeiro. Não havia muitas alternativas quanto à cor da pintura nem do estofamento, porém a perua andava bem e surpreendia pelo desempenho e economia.
O motor era de dois tempos e três cilindros, com tração dianteira. Apenas 900 cm3 e 40CV. No entanto, sua aceleração e sua velocidade máxima eram razoavelmente boas para a época. O câmbio tinha quatro marchas para a frente e a estabilidade era satisfatória. O consumo de gasolina era surpreendentemente baixo. O grande inconveniente era a necessidade de se misturar o óleo à gasolina, no próprio tanque. Além disso, o cheiro exalado pela furgoneta era simplesmente horrível.


Ao contrário dos fabricados na Alemanha, como: o V4 4=8, que possuía um motor com 25 cv de potência localizado em sua parte dianteira, era um motor de dois tempos e quatro cilindros em arranjo V com uma bomba de carga para cada bancada de cilindros. Alcançava uma velocidade máxima de 90 Km, com um consumo de combustível de10 a 12 l por 100 km; ou o DKW F8, que era longo e largo, com um motor de dois tempos e dois cilindros, com tração dianteira e potência de 18 a 20 cv.


                   F8                                                          V4 4=8

Após a fase da perua DKW houveram vários outros carros fabricados no Brasil com grande desempenho como o belcar que possuía notáveis dotes de velocidade, resistência e estabilidade, com tração nas quatro rodas, o Fissori, o Rio, entre outros.
E No decorrer dos anos os automóveis se transformaram, hoje o automóvel possui características como conforto e rapidez, além de ser mais silencioso e seguro para seus passageiros. Todas essas mudanças e evoluções tem proporcionado um aumento incrível de empregos por todo o mundo, levantando a economia das empresas e movimentando o mercado consumidor, gerando assim grandes lucros para a sociedade. Parte desse motor gerador é composto por índios e seus descendentes, inserindo assim, cada vez mais, o povo indígena na nossa sociedade.
A imagem idealizada que todos temos dos índios é aquela onde eles vivem isolados vivendo sua vida com seus costumes e crenças, mas essa imagem do índio vivendo longe da civilização já é bastante diferente. Hoje em dia muitos indígenas já não vivem aldeados, muitos moram nas cidades. Esses são os chamados índios urbanos, que são pessoas que pertencem a uma etnia indígena, mas que migraram para o meio urbano ou ate mesmo nasceram nele.
Dos 750 mil indígenas registrados no país pelo censo de 2002, mais da metade (383 mil) vive em áreas urbanas. A região norte é a que possui o maior numero de indígenas, principalmente por causa da Amazônia.
DISTRIBUIÇÃO DOS ÍNDIOS NO BRASIL, EM % POR REGIÃO

Muitas tribos, influenciadas pela cultura dos brancos, perderam muitos traços culturais e acabaram acompanhando a evolução da sociedade moderna por necessidade e até mesmo por sobrevivência, com isso abandonaram as suas tradições. É muito comum encontrar em tribos indígenas atuais, índios falando em português, vestindo roupas e até usando equipamentos eletrônicos.
Algumas tribos isoladas conseguiram ficar longe da influência do homem branco e conseguiram manter sua cultura intacta. Infelizmente, são poucas tribos nesta situação. Muitos povos indígenas tem se mantido graças à criação, nos últimos anos, de reservas indígenas. Nestas áreas, ficam longe da presença de pessoas que pretendem explorar riquezas da natureza.
Os índios brasileiros estão divididos em três classes distintas segundo a pesquisa feita pela FUNAI. Temos os grupos Isolados, que vivem totalmente isolados do mundo e do homem branco, a FUNAI tem poucas informações ou quase nenhuma sobre eles. Temos os Vias de Integração que vivem e seguem os costumes de sua vida nativa, mas aceitam influências do meio externo, são os que têm contatos com o homem branco.E os Integrados, que passaram a ser reconhecidos no pleno exercício dos direitos civis, mas conservam seus costumes e tradições de índios. Essa tribo é a mais urbanizada de todas e alguns índios vivem em cidades, até trabalham em empresas e mantém outros costumes da sociedade urbana.
No Brasil, o órgão federal que cuida das políticas indigenistas é a Funai (Fundação Nacional do índio. Fundada em 1967, ela é ligada ao Ministério da Justiça.
Estima-se que há 370 milhões de índios vivendo em mais de 70 países, as diferenças culturais entre esses povos é enorme. Mas, os indígenas de todos os lugares compartilham os mesmos problemas. No Brasil, o número de índios que migram para a cidade vem aumentando bastante. Os principais motivos dessa migração é a busca por trabalho, educação, saúde, desentendimentos em sua aldeia, o crescimento populacional, a falta de terras e o acesso a alguns recursos que não conseguem obter em suas aldeias. Mas ao chegar nos novos territórios, encontram dificuldade para se fixar e passam a viver em favelas e enfrentando a pobreza devido a ausência de serviços básicos e a falta de oportunidades. Assim, muitos desses indígenas acabam trabalhando em subempregos e não atendendo assim suas expectativas iniciais.



Outro problema que faz com que muitos índios migrem para a cidade são as disputas territoriais que eles enfrentam em suas terras. A constituição de 1988 reconhece o direito dos índios sobre terras em tamanho adequado ao seu modo de vida. Mas esse direito está comprometido pela ambição do Estado e de fazendeiros em acelerar seu crescimento econômico pois para isso, é preciso explorar os territórios e os recursos dos índios pois a maioria deles estão em territórios indígenas. Eles ainda sofrem com a presença de garimpos na região, construção de hidrelétricas, rodovias e o avanço da agropecuária de grande porte. Outro problema é o desmatamento, a extração mineral, a derrubada de árvores e a contaminação ambiental que são outros fatores que influenciam a migração, há também os índios vão por conta própria.
De um lado, os índios afirmam que as terras pertenceram a seus antepassados e precisam dela para produzir o necessário à sua sobrevivência, resgatar seus costumes e preservar sua cultura. De outro lado, os fazendeiros sustentam que a demarcação de terras vai prejudicar a produção de alimentos sem necessariamente contribuir para melhorar as condições de vida dos índios. “O que poucos entendem é que, no campo, a terra é a base não apenas do poder econômico e político, mas também do poder cultural. Por isso, ainda há quem concorde com o discurso de que os índios são vagabundos. Ou que são todos uns aculturados que só querem terras para deixar o mato crescer”, diz o jornalista Cristiano Navarro. “Vivemos na miséria porque não tem mais floresta, nem bicho pra gente caçar. Só tem fazenda com soja e pasto”, diz o cacique de Laranjeira Ñanderu, Farid Mariano. “Podem nos oferecer o que for o que queremos é permanecer onde nossos antepassados morreram. E vamos permanecer. Para o índio, conforto é ter nossa terra”.
Um caso conhecido dos índios urbanos são os Pankaruru, que foram a primeira sociedade não aldeada reconhecida pela Funai. Apesar de se espalharem por diversos bairros da cidade de São Paulo, eles se reúnem regularmente para realizar suas festas e rituais.
Alguns dos índios que vivem na cidade procuram viver como qualquer cidadão urbano. Esse afastamento da ancestralidade acontece quando eles chegam nas cidades principalmente devido ao preconceito que eles enfrentam e a grande falta de trabalho, o que torna a vida assumida de um índio muito difícil.  Mas o índio não deve negar sua identidade, pois só assumindo sua cultura que os indígenas da cidade grande podem se organizar para exigir seus direitos.